Dizes que sofres angústias Até mesmo quando em casa, Que a tua dor extravasa Nas cinzas da depressão. Que não suportas a vida, Nem te desgarras do tédio, O fantasma, em cujo assédio Afirma que tudo é vão.
Perto da rua em que moras Há uma viúva esquecida, Guarda o avô quase sem vida E três filhinhos no lar; Doente, serve em hotel, Trabalha na rouparia. Busca o pão de cada dia, Sem tempo para chorar.
Não longe triste mulher, Num cubículo apertado, Chora o esposo assassinado Que era guarda de armazém... Tem dois filhinhos de colo. Por enquanto, ainda não sabe O que deve fazer da existência. Espera pela assistência Dos que trabalham no bem.
Um paralítico cego, Numa esteira de barbante, Implora mais adiante Quem lhe dê água a beber... Ninguém atende... Ele grita, Na penúria que o consome, Tem sede e febre, tem fome, Sobretudo quer morrer.
Depressão? Alma querida, Se tens apenas tristeza, Se te sentes indefesa, Contra a mágoa e dissabor, Sai de ti mesma e auxilia Aos que mais sofrem na estrada. A depressão é curada Pelo trabalho do amor.
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